Buscando Poemes

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Eauvolchis - a lenda de um clã V


- você não acha que essa historia é um pouco delirante Danush? – Ladahria o olhava com ar de preocupação, após ouvir toda historia sobre a Clareira e sobre a dama da água. Ele havia decidido contar à castanha o encontro com Kelikah na intenção de verificar a veracidade dos acontecimentos, e como Ladahria era a única em quem confiava e também a única que poderia saber algo a respeito além das lendas que ele conhecia, justamente por ser uma das magas ilegítimas mais sabias de toda região pertencente a nação de Avelon.
- claro que acho, mas também penso nas possibilidades, afinal eu sei o que vi e ouvi.
- eu entendo, Danush, mas suponhamos que o que aconteceu não foi uma visão como você mesmo sugeriu, quem garante que essa mulher não é uma falsária tentando te arrancar algo?
Pensava nessa possibilidade pela primeira vez, bem era verdade que o mais provável é que jamais se encontrariam de novo, sendo assim injustificável ficar perdendo tempo com isso, mas ele estava ainda muito curioso.
- está certo, ela pode sim ser uma fraude, mas essa historia de magia, eu sei que você acha loucura, mas aconteceu algo naquela Clareira que eu não consigo explicar... foi como se eu não estivesse mais em Tuarah.
Fez-se silencio na sala da choupana, Ladahria olhava o amigo com ternura, tentando entende-lo e ao mesmo tempo confortá-lo, Danush havia perdido os pais muito sedo e as lembranças que tem deles estão cercadas das historias que sua mão lhe contava para fazê-lo dormir, e agora que ele tinha uma leve esperança de que. Talvez, elas existissem o aproximava de suas origens, assim como as origens de todo reino, que assim como o clã misterioso, girava entorno do nome Eauvolch, que batizava o antigo reino unificado anterior à grande guerra.
- você tem que tirar essas coisas da cabeça...
- eu sei , eu sei – mas ele parecia responder mais para si que para ela, de repente levantou-se de um salto da cadeira de madeira escura – ouça, vamos fazer assim, esqueçamos tudo isso, vem cear comigo essa noite?
O convite a pegou de surpresa, mas sempre adora ver Danush animado, e não melancólico como estava a pouco.
- mas é claro – levantou-se também e foi em direção à porta – você cozinha.
E saiu depois de piscar um olho, ele riu, agora precisava preparar seu famoso guisado.


O crepúsculo tingia o céu de aquarelas vermelhas e douradas, a luz que entrava pela janela da choupana dava ao quarto de Danush um aspecto sufocante, ele saiu da tina e enrolou-se com uma colcha de algodão, se aproximou do espelho rachado da parede leste e visualizou sua figura de guerreiro, assim sob a luz da janela a água que escorria em seu rosto mais pareciam fitas de suor, os ombros largos e imponentes o faziam parecer maior do que era, tinha apenas a altura de um homem mediano e os cabelos muito negros chegavam ao meio das costas, contrastando com a pele não tão morena, um olhar mais atento a figura de Danush possibilitava enxergar detalhes que passariam despercebidos aos olhos de estranhos, seus olhos muito verdes ficavam levemente escuros à meia luz, as sombras exaltavam ainda mais algumas das cicatrizes de batalha, que agora com o peito descoberto eram claramente visíveis, porém seu rosto sempre passou ileso em todas as batalhas, exceto por um pequeno filete vermelho que agora aparecia sob a curva do queixo, bem onde a misteriosa dama do lago o havia ferido.
Ele passou os dedos sobre o local e aproximou-se do espelho para examinar mais atentamente, era uma ferida muito pequena e provavelmente nem deixaria uma cicatriz visível, mas sua vaidade o fazia enfurecer-se ao pensar na jovem Kelikah.
- aquela insolente, ele sussurrou. Olhou mais atentamente para o queixo, pensando talvez em deixar o cavanhaque maior para encobrir a ferida até que cicatrizasse, mas sua atenção foi direcionada a um barulho na porta de entrada, pelo ranger da porta quase imperceptível não poderia ter sido Ladahria, ele a aguardava para a ceia, porém era ainda cedo. Caminhou lentamente em direção a entrada, seus ouvidos atentos a qualquer mudança no ambiente, enquanto ia sorrateiramente junto a parede da cozinha apanhou um cutelo no balcão.
- Esperava que me recebesse mais bem vestido – era Kelikah, inabalável diante da figura seminua com um cutelo erguido a cima da cabeça, diferente de Danush que estava boquiaberto diante da mulher que o aguardava à porta, ela vestia uma capa carmim que a cobria dos ombros aos pés, somente seu rosto era visível, pois o capuz estava baixado, seus longos cabelos negros trançados para traz deixando seu rosto mais aparente e sua postura ainda mais formal. - Mas não se preocupe, esperarei mais alguns minutos para que se vista, temos que conversar.
- VOCÊ NÃO PODE ESTAR FALANDO SERIO, ENTRA NA MINHA CASA FEITO UMA LADRA E AINDA QUER ME DAR ORDENS SUA... – ele foi interrompido pela gargalhada dela, mas realmente a cena era demasiadamente engraçada, um homem de porte altivo enrolado em uma colcha e esbravejando enquanto sacudia e apontava um cutelo na direção da moça. Ele calou-se diante da situação e resolveu vestir algo antes que a situação pudesse ser mais constrangedora – espere aqui, e não toque em nada – acrescentou antes de entrar para o quarto.


NA: depois de muito tempo voltamos com Eauvolch, segunda aparição de Kelikah ^^, espero que gostem, beijos



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