Está frio e chove, bebo mais um
gole de meu copo e recosto a cabeça no travesseiro. Ao fechar os olhos vejo as
lembranças se aproximando lentamente, lembranças que julgava já terem sido
enterradas, ou ao menos sufocadas. Porém hoje vieram a tona qual raio transladando
o seu nesta noite tempestuosa, porque chove, e a água que escorre pela janela não
lava o meu pesar, as lembranças ainda estão aqui, a sussurrar melodias doces,
inebriantes. Não me embalam, o sono não chega para que termine meu delírio,
sinto-me zonza, falta-me ar, as visões não cessam. Desejo desmaiar e cair nos
braços de Morfeu, nem isso me permito, sigo em meu devaneio na esperança de que
nele encontre meu sonho perdido. De olhos fechados, estou sonhando, deixarei
que as imagens levem-me ao lugar que meu coração almeja, se já durmo é difícil dizer,
tudo é confuso, e gira, estou perdendo os sentidos. Adeus mundo, entregar-me-ei
ao abismo da loucura, ficarei com as lembranças, elas me consolarão quando tudo
terminar. Adeus lucidez, ao menos hoje estarei livre das correntes que me aprisionam,
que venha a noite, o frio e a chuva, sim a chuva, e lava-me enquanto tomo mais
um gole de meu copo.
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