Eu adoro o meu instinto de autodestruição, não basta o meu
organismo já estar contra mim numa doença auto-imune, na qual o meu corpo
produz anticorpos pra combater meu intestino, eu ainda tenho que fazer questão de
ver e ouvir coisas que eu sei que vão me machucar, porque agora, os meus leucócitos
estão mais interessados em foder com o meu coração. É, simples assim, porque eu
insisto em impor a mim mesma situações que só vão me levar às lagrimas, à ira e
a desolação sem fim, juntamente com a total mutilação do meu tecido cardíaco estriado.
E pra que, pelo simples prazer de ver tudo o que eu sonhei e desejei pra nós
ser desfeito em atos nem um pouco significativos, mas que enchem minha mente de
pensamentos insanos e improváveis. Minhocas
e morcegos invadem o lugar das lindas borboletas no estomago ao ver tua imagem,
sinto uma ânsia e uma vontade de expulsar de dentro de mim todo o sentimento
que nutri por você nos últimos meses, mas nem o dedo na garganta me faz vomitar
as lembranças de nós, lembranças de momentos tão raros que se eternizam mais
fundo em meus ventrículos, aorta, safenas e músculos. E todo esse masoquismo gratuito
vem de um desejo de saber, de conhecer e desvendar teus enigmas e cores, mas é
somente o rubro do sangue venoso que eu vejo em todo o canto, sem cores, sem
sons e sem vida, o desejo por mais me trouxe para mais longe de você, e onde
estou agora, não vejo mais nada alem do meu triste reflexo no espelho, um rosto
pálido e sem vida, por conta da automutilação que meu ser realiza dentro de mim
todos os dias.
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